quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Livros, leitores e antileitores

*Wagner Arantes

Em plena apresentação de um seminário da disciplina Redação III, do curso de Comunicação Social, fiz um comentário sobre a capa do livro O Livreiro de Cabul, que havia me enganado sobre o titulo.

A professora Tais Alves, não me interrompeu na hora, só deu uma olhada e abriu um sorriso. Não precisa dizer mais nada, logo imaginei ela iria falar algo. Para minha surpresa durante apresentação ela nada comentou. Saí para o intervalo e logo após retornar para sala de aula, uma colega de turma me entregou um artigo, a pedido da professora Taís, do jornal O Globo, que retrava exatamente o meu questionamento, sobre a capa de um livro e seu conteúdo.

O artigo é assinado pelo antropólogo Roberto da Matta. Ele escreveu um texto gostoso de ler onde faz um relato interessante sobre títulos e conteúdo. Roberto da Matta faz o seguinte comentário “Foi quando descobri a mais crassa verdade pós-mordena: se a obra tem um título impronunciável, você não lê o livro vira um antileitor. Continua da Matta, “Na tal biblioteca onde Raízes do Brasil está na estante de botânica. Interpretação dos sonhos, na de esoterismo, A montanha mágica, como astrologia. Já Memória póstuma de Brás Cubas entra como Kardecismo, Cem anos de solidão, na prateleira de geriatria, A viagem de Gulliver, na de turismo; O poder e a glória, na de política. Termina Da Matta: “tentei interpelar a diretora, mas desisti. Ela é” blindada!”.

Ainda bem que não interpelei a professora da disciplina Redação em Jornalismo III, Taís Alves. Pelo contrario, eu a agradeço. Ela também é blindada, caro antropólogo Roberto da Mata. Com um gesto simples,    mostrou-me que tal como as pessoas, os títulos dos livros enganam leitores, bibliotecários e autores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário