sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ser “Destaque”

*Camila Macedo

A cada semestre a FAGOC homenageia os alunos com melhor desempenho acadêmico. Os homenageados convidam amigos e parentes para a cerimônia de entrega do prêmio “Aluno Destaque”, realizada na biblioteca da instituição. Como ressaltou o diretor geral da FAGOC, Marcelo Andrade, para ser “Destaque” é necessário um aproveitamento superior a 90% nas disciplinas, o que exige dedicação por parte dos acadêmicos.

A busca por excelência e reconhecimento gera uma competição saudável. Assim, os alunos se dedicam mais aos estudos, cada um com seu objetivo. Alguns pela vaidade e vontade de ser “Destaque”; outros pelo interesse nos prêmios; e ainda, aqueles que buscam conhecimento e têm anseio de se preparar para o futuro. Por mais que “o posto” não seja objetivo de todos, alguns se preocupam com a nota e fazem comparações. A inquietação fica evidente quando surge a pergunta: “Quanto você tirou na prova?”.

Ser “Destaque” só é bom quando a concorrência não influencia negativamente no relacionamento com os colegas. Atingir a porcentagem exigida é um certificado de que o caminho está certo, de que o tempo é bem aproveitado e o investimento está valendo à pena. Mas é preciso lembrar que este é somente o primeiro passo, e não se pode estagnar pensando que o ápice foi atingido.

Não é difícil atingir a meta, mas a concorrência é grande. Ser “Aluna Destaque” não é meu objetivo, e sim consequência do meu esforço e interesse. Quando recebi a notícia fiquei contente. Mas a real satisfação veio quando meus amigos e, principalmente, familiares souberam. A homenagem foi belíssima e a emoção aumentou pela presença da minha família. E não parou por aí, tive direito a “torcida organizada” e fotógrafos. É maravilhoso perceber que as pessoas torcem e vibram por você, que sentem aquela “inveja boa” (como citou meu coordenador Raul Carneiro), que compartilham o momento sem rancor, afinal, qualquer um pode se destacar, basta querer.

Redes Sociais: destruindo seus relacionamentos desde 1997

Orkut, Facebook, Twitter e outros seriam redes sociais para solteiros? Ou o covil da desconfiança e traição?

*Camila Farinati

Rede social é o lugar perfeito para rever antigas amizades, manter contatos profissionais, matar tempo do trabalho (que não é o meu caso...) e também tornar um pesadelo a vida de muitos casais, sendo motivo de brigas e até términos de muitas relações. No Reino Unido, uma firma de advocacia calcula que o Facebook é citado em um em cada cinco divórcios. Nos Estados Unidos, o site lidera a lista de redes sociais que mais influenciam no fim de relacionamentos.

Manter relacionamentos sérios não é fácil e o problema é que com toda tecnologia, as coisas só pioram; o que era para ser exatamente o contrário, já que, hoje em dia tornou-se muito mais fácil relacionar-se, conhecer outras pessoas, e até fazer aquele auto “merchant” sobre suas qualidades. Você nem precisa sair de casa e ainda pode ficar protegido pelo anonimato.

Quem nunca pegou um email estranho, um depoimento carinhoso demais ou um suspeito scrap nas redes do(a) namorado(a) que atire a primeira pedra? Pare e respire antes de me apedrejar. A não ser que seus perfis nas redes sociais sejam todos privados, lembre-se da regra de ouro: tudo o que é escrito poderá um dia ser usado contra você. Portanto, não diga a meio mundo o que você diria para meia dúzia de pessoas. Vale o exercício: você gritaria em plena rua aquilo que acabou de twittar?

Tenho amigas que já perderam um par de futuros pretendentes, por bancarem as engraçadinhas nas redes sociais ou postarem fotos ao lado de bonitões que muitas vezes eram só amigos. Muitas vezes a maldade está nos olhos de quem vê (e nos dedos de quem digita). O caso é que, a internet facilita (e muito) a traição de confiança: iniciar uma conversa com segundas intenções é questão de segundos. Vai depender da vontade da pessoa comprometida de querer arriscar o seu relacionamento. Quando um não quer, dois não clicam.

Uma das mesmas amigas que citei um pouco mais acima visitou também a página de um antigo “rolo”, por pura curiosidade. O namorado viu e virou bicho. Pela briga que tiveram, parecia que ela havia visitado o ex pessoalmente. As redes sociais são o motivo de inquietude de qualquer pessoa minimamente ciumenta. Mulheres são assediadas. Homens são assediados. Internet é terra sem lei. Será?

Para cada fase uma dose diferente

*Camila Macedo


Para os brasileiros a vida escolar normalmente começa aos três anos de idade, no maternal. Tudo é mágico nesse período, após a adaptação da criança. É o momento em que ela começa a caminhar com as próprias pernas e comer com as próprias mãos, literalmente. O papel do professor é de extrema importância. É como se o educador se tornasse personagem de um grande espetáculo, que está apenas começando.

A criança inicia a construção de sua identidade seguindo os exemplos que estão a sua volta. A pedagoga Marilda Honorato destaca a importância da afetividade nesse mundo tão violento. Marilda trabalha há 15 anos com educação infantil e ensino fundamental, em uma escola particular de Ubá. Ela sempre pede às professoras que trabalhem com muita afetividade e dialoguem bastante, para estimularem o amor, a amizade, o carinho e o companheirismo. “As crianças veem TV, usam computador, e estão ligadas a tudo que acontece. Já chegam à escola comentando o que viram nos noticiários. Elas ficam chocadíssimas”. Para driblar os efeitos negativos da mídia, Marilda investe em aulas de filosofia para as crianças.

Escola é lugar de alfabetizar, filosofar, estimular a arte, o respeito ao próximo, ao ecossistema, enfim, formar cidadãos. Descobrir o caminho mais adequado é um desafio diário. Cabe a cada profissional encontrar o segredo de cada fechadura. “Tem que ter muito amor, muita paciência. Tem que gostar muito para trabalhar aqui”. Esse é o segredo de Alessandra Marques, pedagoga que trabalha na APAE de Ubá há 20 anos.

Não importa a idade do aluno. Para conseguir disciplina, respeito e motivação, uma coisa é certa, o professor tem que entrar na dança. Alessandra conta um pouco da rotina na educação especial, que é voltada para atividades lúdicas. O cotidiano envolve brincadeiras, jogos, material concreto e artes. Poesia e música, por exemplo, estimulam a espontaneidade e a criatividade. Ela destaca também a repetição do conteúdo para fixar o que é trabalhado em sala de aula.

Tudo indica que os pais aprovam o trabalho da APAE. Uma das mães, Rita Aparecida Fortunato, manifestou satisfação com o desenvolvimento do filho de cinco anos, que começou a estudar nessa Instituição no início de 2011. Segundo ela, o menino melhorou muito. A professora contou que seu filho ajuda a organizar a sala e chama os coleguinhas para a fila. Ele está mais prestativo e concentrado, mas ainda é um pouco agressivo. “Não tem nada melhor que ver seu filho bem tratado, porque tem gente que não tem paciência e não entende a necessidade da criança”. A mãe contou que ele estuda e faz tratamento ao mesmo tempo, com psicólogo, psiquiatra e fonoaudiólogo.

Os pais entrevistados costumam acompanhar a vida escolar dos filhos e consideram fundamental a integração entre família e escola. Lívia Oliveira tem um filho de cinco anos e se diz muito participativa. “Vou a todas as reuniões e converso com ele, incentivando-o sobre o quanto o estudo será bom para o futuro dele. Mas gostaria de ser mais ouvida pela escola”. Não são somente os pais que veem a integração como algo positivo. É como a pedagoga Alessandra Marques disse: “família e escola têm que andar juntas. Se a escola prega uma coisa e a família outra, cai tudo por terra”.

Pelo visto o educador tem que rebolar. Em meio a tantos alunos, personalidades e desejos, os professores ainda conseguem identificar o perfil de cada um, como declarou Marilda Honorato (a pedagoga da escola particular). Ela afirma que o convívio diário permite que o professor acompanhe o desenvolvimento de cada um. “Avaliação com nota é uma forma de mostrar para os pais como está o desempenho de seus filhos, o professor já sabe”.

PERSPECTIVA E EXPECTATIVA

Dar aulas exige muito jogo de cintura. Raul Carneiro, que é professor de ensino médio e graduação há sete anos, revelou a forma como mantém domínio de sala. “Uma carteira de escola funciona como um canal de comunicação. A gente sabe que a comunicação e, consequentemente, o aprendizado, só ocorrem quando há sedução. Sedução é uma espécie de ligação invisível”. Segundo ele, no ensino médio espera-se muito do professor, já no superior, espera-se muito do aluno. A principal diferença desses níveis de ensino é a perspectiva do professor e a expectativa do aluno. “O caminho é o mesmo, o jeito de caminhar que é diferente”.

Quanto mais sensibilidade o professor tiver para perceber as necessidades dos alunos, melhor será a aula. Sandra Zócoli destaca aspectos positivos e negativos que percebe na escola da filha de 16 anos, que cursa o ensino médio na rede pública de Ubá. Sandra cobra que ela estude, faça os trabalhos, “essas coisas de mãe”, como ela disse. “Minha filha conta que alguns professores lançam matéria sem dar explicação adequada do conteúdo. Isso é errado”. Ela afirma que existem aulas muito proveitosas, com interação entre os alunos e o professor. “Nas de biologia fazem uso de laboratório. Isso é ótimo para eles”, finalizou Sandra.

No ensino superior o processo educacional é diferente. Os acadêmicos precisam ser mais independentes e em alguns casos, autodidatas. João Paulo Ciribeli, hoje professor de graduação em instituição particular na cidade de Ubá, estudou em universidade pública. “Os professores não detalhavam a matéria. Muitas vezes as dúvidas eram sanadas com os próprios colegas de turma”. João Paulo reconhece que seus alunos se dedicam pouco aos estudos.
Em nossa conversa o professor ainda revela, “uma coisa é certa, nem o aluno da federal, nem o da particular está preparado para o mercado de trabalho”. E acrescenta, “O curso de graduação por si só não é suficiente para atender às necessidades do mercado”. Assim, ele deixa evidente que a continuidade dos estudos é fundamental para a qualificação profissional.

O mundo acadêmico gera controvérsias por parte dos calouros. Débora Cristina Costa revela que antes de entrar para a faculdade achava que o ensino era mais puxado. Ela cursa o segundo período de Educação Física em instituição particular na cidade de Ubá. “Fiquei aliviada, porque não existe a cobrança que eu pensava”. Débora está gostando do curso, mas não compreende o pensamento de alguns colegas. “Tem alunos que acham que estão aqui para virar atletas e não para se tornarem educadores físicos. Isso atrapalha um pouco as aulas”.

EDUCANDO SONHOS

Então, qual o segredo para se tornar o educador dos sonhos? João Paulo Ciribeli conta a história de um excelente professor, que transformou o sonho em uma realidade fantástica. “O que marcou uma fase da minha vida escolar foi a tática de um professor que tive no ensino médio. Era uma mistura de domínio de conteúdo com divertimento. A própria admiração pelo professor fez com que a gente se interessasse mais pelo conteúdo”. Isso reforça a “sedução” citada por Raul.

“Acertar rumos” é uma das funções de um professor, como disse Raul Carneiro em entrevista. “‘Ruídos’ acontecem. Há momentos em que o planejamento de uma aula simplesmente não acontece, e o professor tem que adaptá-lo. Qual foi o problema? Formato, conteúdo, dinâmica, enfim, acertar rumos”. Flexibilidade é a palavra chave.

O interessante é transformar o contratempo num momento único e mágico. A vida acadêmica é cheia de detalhes inesperados, e o professor tem em mãos o poder de transformar os imprevistos em possibilidades. Afinal, como dizia Guimarães Rosa, “professor é aquele que, ensinando, de repente aprende”, e o
verdadeiro educador é aquele que aprende todo dia.

Quanto custa um pedaço no céu?

*Amanda Lelis

Para aqueles que têm fé em Deus e buscam nas igrejas uma forma de demonstrar sua devoção, com o tempo se perguntam: qual igreja freqüentar? Uma dúvida “cruel” diante de tantas opções existentes hoje em todo o mundo.

A Igreja virou um mercado ambicioso e capitalista, sem descartar nenhuma religião. Hoje elas contam com venda de CD’s, DVD’s, livros e vários outros acessórios que embalam sua crença. Sem falar do dízimo, que as igrejas fazem questão de pedir aos seus devotos. Alguns questionam para onde vão estas contribuições. Em determinadas situações, percebe-se que o dinheiro serve para aumentar ainda mais as riquezas de alguns líderes religiosos que criam impérios em nome de Deus.

Com a palavra de Deus na mão e com um “dom” que surge da noite para o dia, eles hipnotizam as pessoas humildes e fracas, fazendo com que elas acreditem em algo que não existe. Para se ter fé e confiar em Deus precisa haver sacrifício? Ficar comprando produtos da igreja, dando tudo que tem para enriquecer seus líderes, e não a Deus?

Ele não precisa de bens materiais, precisa apenas de nós, como discípulos. Reconheço que ninguém é capaz de admitir e julgar. É tão grande o poder das igrejas que pouco se fala disso na mídia. Alguma vez já parou pra pensar nisso tudo? E onde encontramos a resposta dessas transformações e poder?

Na vida, sempre teremos momentos em que iremos precisar de ajuda, mas não é enriquecendo as igrejas que vamos ganhar um pedaço no céu. Cada um com suas crenças e conceitos, mas todos por um mesmo ideal, a busca pela felicidade. Vamos deixar de ser ingênuos e abrir os olhos para as coisas que, muita das vezes, não queremos enxergar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vida que segue!

*Rodrigo Rocha

No inicio de 2010 tomei uma decisão que me vez ver muitas coisas de maneira bem mais amplas e mais bem focadas.

Hoje vou usar esse espaço do blog para agradecer essa sala que sempre será muito mais do que 10, mais no meu coração será sempre dez milhões! Como não estarei com vocês como formando no fim de 2013, mas estarei presente na torcida para que um de vocês meus amigos possam ser excelentes jornalistas e possam fazer a diferença na nossa sociedade.

Gostaria de citar um pouquinho do que eu acho dessa sala maravilhosa. Wagão, meu patrão sério, decidido que, gosta de encarar os desafios de frente, e com sangue Rubro Negro nasceu pra ser um vencedor.

Flavinha, menina estudiosa, já estava presente na faculdade no primeiro dia de aula das outras turmas, antes mesmo de as nossas aulas realmente começarem. Mesmo sendo brava e não gostando muito de argumentações contrárias é uma pessoa sensacional.
Vanusa, a mãe da Luna, meiga, singela e companheira guerreira. Essa menina vai longe.

Norton, talentoso, focado com uma grande veia artística, que só precisa ser lapidada.

Camila Macedo, aluna destaque do primeiro semestre que adora tomar um vinho, que tem uma paciência e uma inteligência gigantesca.

Diogo, caleça feita, faz a diferença lutando pelo que o motiva, tem muita personalidade e atitude.

Araceli, difícil definir com poucas palavras, amizade de longa data, tem personalidade forte, mas sempre é sincera.

Maycon Douglas, o “Kra”, sou seu fã parceiro, lutou muito pra chegar até aqui. Você vai longe, nunca esquecerei sua risada.

Camila Farinati, amizade conquistada. Já fiquei bravo várias vezes com suas entradas esplendorosas na sala, mas no fundo todo mundo tem uma Camila Farinati dentro de si.

E aos demais colegas que com muito orgulho tive convívio e aprendi muito, Leila, Felipe Bastos, Amanda, Andressa, Naiara, Renan, Gleidson e Betânia.

Jamais poderia esquecer os mestres, com agradecimento especial para Carla Silva Machado e Taís Alves que pegaram muito no pé por causa de ortografia e acentuação, “mas herrar é umano” kkkkkkkk. Raul Carneiro, eu lhe agradeço a moral e a confiança. E aos demais mestres Robson terra, Marcelus Catete, Cosme Elias, Dani Ennes, Luciana Mendonça, Artur Moreira, Andréia Andrade, Marcelo Freguglia, Fábio Simão, Lauro Correa, Claudia Condé.

Agradeço a todos vocês por aumentar qualitativamente meu vocabulário, minha ortografia e minha visão de informação, noticia, parcialidade e imparcialidade depois de muitos leads, muito textos muita leitura de qualidade. Agradeço de coração e estarei com vocês sempre em pensamento, torcendo por todos independente de mestre ou discípulo.

E por último, gostaria de compartilhar dois pensamentos que convivem comigo todos os dias.

“Ser honesto até o fim é uma virtude. Sem a honestidade ato algum será virtuoso”.
José Carlo Vicente.

“Nossa meta é treinar para buscar a perfeição. Vencer é simplesmente o resultado de um trabalho bem realizado”. Autor desconhecido.

Saúde, realizações e alegrias a todos “vida que segue”.

Vestibular a todo vapor


*Flaviane Vieira


Hoje muitos têm a oportunidade de estudar e graduar-se em um curso de nível superior. Bolsas de estudo são distribuídas em universidades federais em todo o país. Para alcançar a vaga, o aluno deve se preparar para a seleção da Universidade ou para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), disputando com diversos alunos.

 
O Enem acontece nos dias 22 e 23 de outubro. De acordo com o MEC o Exame é utilizado em 83 universidades públicas e institutos federais, ganhando cada vez mais destaque entre os interessados nas vagas de ensino superior da rede pública.  Assim que obtiverem o resultado da prova, os alunos devem se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e podem pleitear vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o país, podem inclusive, utilizar o resultado do Enem para solicitar a certificação de conclusão do ensino médio.

 
Durante todo o ano vários estudantes se preparam para o vestibular. Há aqueles que frequentam cursinhos ou os que formam grupos de estudo e os que preferem estudar sozinhos. Preparar-se para passar no vestibular é almejar um avanço nos seus conhecimentos e expectativas no mercado de trabalho.

Para os indecisos quanto a que curso escolher o melhor é pesquisar sobre cada um deles tentando, assim, identificar o que mais lhe interessa em cada um. Avalie também possibilidades de trabalho na área, suas habilidades e visões sobre o que almeja para o futuro, ou faça um teste vocacional. O melhor é você optar pelo tipo de carreira na qual se sentiria mais realizado.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sonho gelado

*Diogo Andrade

Já era noite quando ela voltava para casa. Estava frio, e seu curto vestido não era suficiente para protegê-la. Seus saltos ecoavam e ela desejou poder abafar aquele barulho que chamava atenção. Os poucos casais que estavam na rua ocupavam os bancos do ônibus. Ela se posicionou à frente de onde dois pombinhos namoravam e esperou com paciência seu transporte chegar.
A noite tinha sido péssima, precisava de carinho, precisava de abrigo, sair definitivamente não tinha sido uma boa ideia. Ela o amou silenciosamente durante cinco anos e, quando finalmente estava prestes a se declarar, soube que ele havia encontrado alguém. Decidiu sair para espairecer, conversar um pouco a faria melhor, pensou; mas tudo parecia pior.  
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O ônibus estava demorando, decidiu sentar-se na beirada da calçada, o banco continuava ocupado. Uma lágrima traiçoeira escorreu pelo seu rosto, ela desejou poder fazê-la voltar. Abraçou-se tentando se proteger do frio que cortava sua pele. Ficou preocupada com a demora, mas não tinha forças para se levantar. Voltar para casa a deixaria mais depressiva, continuar ali parecia a coisa certa a se fazer, pelo menos adiaria o choro até a hora de dormir.
– Oi, tudo bem? – Disse a mulher que estava sentada no banquinho.
– Oi. – Ela disse cabisbaixa.
– Tome! – estendeu uma jaqueta de couro – É do meu namorado, percebemos que você está tremendo. Pode ficar com ela até seu ônibus chegar.
Ela não queria olhar para a mulher, não queria que ela percebesse que estava chorando, mas estava tão frio, tinha de aceitar a oferta.
– Obrigada! – Olhou de leve nos olhos da mulher, e em seguida desviou o olhar vestindo a jaqueta.
– Por que está chorando? – perguntou. – Está com tanto frio assim? – tentou ser engraçada.
– Não... – Deu um longo suspiro. – Estou apenas triste.
Mais lágrimas caíram, e ela não conseguia mais se controlar.
– Quer desabafar? Vai te fazer melhor.
– Não quero te incomodar, e seu namorado?
– Ele está vendo um vídeo de luta no celular, nem vai sentir minha falta, também estamos esperando o ônibus.
– Se é assim tudo bem. – virou-se para a simpática mulher. – Eu sou apaixonada por um amigo. Conhecemos-nos há cinco anos, e desde então sou vidrada nele. Seu jeito, seu cheiro, sua voz, tudo me chama a atenção. Ele já tentou me beijar uma vez, mas eu era tímida, me esquivei, e depois disso nunca mais.
– Entendo... Mas por que você não diz a ele o que sente? – parecia tão estúpido para a mulher.
– Porque agora é tarde demais, ele está namorando outra pessoa, e já não vejo possibilidades de dar certo. – Mais lágrimas começaram a cair. – O pior de tudo é no trabalho. Encontrá-lo é o que mais dói. Receber o seu bom dia, ouvir sobre sua rotina, seus problemas. A risada dele é tão doce, e o seu hálito me excita de tantas formas. Eu não sabia o que era amar até perder o meu grande amor.
Todo aquele texto pareceu piegas demais, porém ela resolveu continuar, precisava falar.
– Ele é meu protetor, meu melhor amigo, com quem eu posso contar, ele é o satélite que me guia, ele me faz tão feliz. Queria muito mais que sua amizade, mas agora toda vez que olho em seus olhos sinto uma dor tão grande. Não tenho direito de interferir em sua vida, mas só de saber que ele está em outros braços, sendo cuidado por outra. Só de saber que não pude correspondê-lo quando ele precisou de mim... – Ela respirou profundamente e olhou para a mulher.
– Nossa, estou sem palavras. – pensou, mordeu o canto da boca, e tentou não parecer superficial. – Tudo vai ficar bem! Um dia você vai encontrar alguém que te ame, e vai perceber que tinha que ter passado por isso.
– Obrigada. – foi só o que pode dizer.
A mulher se levantou e foi se sentar com o namorado.
Ainda com frio, ela se encolheu e sentiu o perfume na jaqueta, era tão familiar... Era familiar demais. Era o perfume dele. Tudo parou, seria isso possível? Não, provavelmente era só mais uma loucura de sua mente.
Depois de algum tempo o ônibus finalmente apontou no longe. Ela se levantou, arrumou a roupa, checou seu cabelo, e se virou para entregar a jaqueta ao casal.
Os dois estavam abraçados, a mulher estava de costas e tudo que ela pode ver foi o rosto dele. Seu coração acelerou, ela levou a mão à boca. Ele a olhou nos olhos, a mulher desfez-se do abraço e pegou a jaqueta.
– Obrigada! – disse sem jeito.
– Disponha. – abriu um sorriso que logo se desfez. – Por que está chorando, amor? – ela viu que seu namorado estava visivelmente abalado.
O ônibus se aproximou e ela fez sinal.
– Vocês não vêm? – disse já dentro do ônibus.
– Vamos de táxi, ele ficou assim de repente, prefiro esperar.
– Desculpe, e obrigada. – disse já em movimento.
O ônibus acelerou e atravessou o sinal vermelho, o motorista havia passado mal, uma carreta atingiu o veículo em cheio. Ela que ainda estava em pé, olhando seu amor pela porta aberta, foi arremessada para fora do ônibus.
Aos prantos ele correu até o local.
– Não! – foi tudo que conseguiu gritar.
Mais pessoas se aproximaram inclusive a mulher. Todos estavam assustados, mas nenhum demonstrava tanto desespero quanto ele.
– Você a conhecia? O que está acontecendo? – perguntou a namorada.
– Está morta! – disse em choque.
Ele se levantou, foi em direção ao viaduto. Ela sem entender o acompanhou.
– O que você está fazendo, Romeu? – gritou percebendo que ele ficava a cada vez mais perto da beirada.
– Nada mais faz sentido, adeus! – Pulou e rapidamente seu corpo tocou o chão.
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– Acorde, moça? – uma voz longe a estava chamando.
Em meio à gritaria e as ambulâncias, ela despertou.
– A senhora dormiu a viagem toda, chegamos a sua casa.
– Desculpe-me! – disse ainda sonolenta. – Tive um terrível pesadelo.
Ela desceu do ônibus e foi para a casa. Rapidamente tratou de tirar os sapatos que a estavam machucando e colocou a jaqueta em cima da cama.
– De quem é esta jaqueta? – disse em voz alta.
Tudo que ela sabe é que estava apenas de vestido, e que possivelmente alguém a agasalhou enquanto dormia. Ela sabia que era idiota, mas mesmo assim procurou pelo cheiro dele, e estava ainda mais forte do que no sonho.
Em um dos bolsos um bilhete:
“ Jú, eu ia te chamar, mas você  parecia estar tão confortável que pedi para o trocador te acordar. Fique com a jaqueta, segunda você me devolve e a gente conversa melhor. Beijos, Romeu!”
Ela se agarrou a peça e sorriu. Apesar de tudo ela sabia que não precisava se preocupar, esta noite ela não passaria mais frio.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Viva mais, reclame menos

*Araceli Matos

Chegou a primavera, uma massa de ar quente e alguns problemas para a saúde. As crianças começam a espirrar mais, uma coceirinha no nariz que não para, a recepção dos hospitais ficam lotadas. A estação mais bela do ano veio e trouxe com ela um vilão, o clima seco. A baixa umidade do ar acarreta dores de cabeça, irritação no nariz, olhos, ouvido ou garganta.

Para tentar se proteger é preciso se hidratar bem, usar umidificador, deixar a casa higienizada, ventilada e ensolarada, evitar animais dentro de casa, não permitir que fumem em locais fechados, colocar as plantas fora de casa, usar produtos de limpeza com cheiro suave, evitar locais com poeiras e aglomerações, praticar atividade física antes das 10h ou após as 17h, além de ter uma boa alimentação.

Esses cuidados são fundamentais para vencer essa batalha. É mais uma batalha porque passamos o ano todo em guerra contra o clima, se é inverno adoecemos por não suportarmos a queda de temperatura, e gastamos uma fortuna com remédios para gripe e infecção de garganta, quando estamos na primavera vem junto com ela o ar seco. No verão reclamamos do calor por que dormimos mal, não temos apetite e o corpo está sempre indisposto, no outono já começamos a reclamar novamente, pois o inverno se aproxima.

É difícil agradar as pessoas não é mesmo? Pois então pare agora mesmo de se queixar e comece a cuidar um pouco mais da sua saúde. Tente começar trabalhando a sua mente, que fica sempre insatisfeita com as vontades da natureza. Hidrate-se, pratique exercícios, beba muita água e sorria mais, pois tudo isso previne o envelhecimento precoce.

“Caro é gastar dinheiro com remédio”

*Rodrigo Rocha

Esse pensamento é um dos mais verdadeiros da humanidade, nada como desfrutar dos ganhos com alimentos, roupas e lazer. Só que a realidade dos brasileiros vem, dia após dia, mudando. O que os brasileiros ganham já não dá mais para pagar nem as necessidades básicas. As taxas dos impostos vêm crescendo junto com os juros para quem usa financiamento ou parcelamento nas compras.

Aí vem aquela velha pergunta que todo brasileiro se faz quase todos os dias: para que tanto imposto? Para onde vai esse dinheiro? Todo esse dinheiro vai para um destino que pouca gente sabe, inclusive eu. Grande parte vai para pagar os salários dos ilustríssimos senadores da Republica, homens de muito respeito e moral, que contribuem cada dia mais para o desenvolvimento dos seus patrimônios particulares. Alguns deles é claro! Não dá para generalizar.  Temos também que lembrar de alguns deputados que se lembram muito da população na hora de pedir voto e pensar no seu simbólico salário. Enquanto o povo tem memória curta, as contas estão cada vez maiores.

Reclamações de todos os dias sempre persistem, entra ano sai ano e pra quem trabalha, aumentam os gastos com habitação, transporte e alimentação. O Brasil é um país rico, mas que tem seus lucros nas mãos de poucas pessoas. Muita gente passa fome, e tem imensa dificuldade em conseguir o próprio sustento. Projetos como bolsa família, bolsa gás e outros salvaram a pele de muitos brasileiros que não tinham onde buscar recursos. Mas, por outro lado, quem paga esses projetos são trabalhadores que mal conseguem se sustentar. O lado negativo dessas bolsas é que ainda existem homens que querem vida fácil em cima de quem luta no dia-a-dia por uma vida justa.

Como um país que tem tanta desigualdade social pensa em sediar copa do mundo e olimpíadas? Por que não se investe mais em educação na formação e construção de professores e escolas? Será que um povo mais inteligente pensaria mais? Será que haveria uma reforma política, deixando os antigos coronéis de fora das vagas administradas por eles há anos ou até décadas?

O certo é que o brasileiro é alegre e batalhador. É um povo que sonha em ser um país mais digno, com a renda dividida para todas as classes sociais. Que a dignidade volte a habitar a casa de quem trabalha e faz nosso país crescer. Que a educação posso preencher a lacuna dos números, e, ao invés de estatísticas, haja uma educação de qualidade.  E no somatório geral que o brasileiro possa trabalhar e consumir com alegria e satisfação seus ganhos e com isso fazer voltar a aplicar o ditado: “caro é gastar dinheiro com remédio”.