Apesar de grupos no Facebook praticarem a
carona remunerada, alguns integrantes preferem não cobrar.
Wagner Arantes, Flaviane Vieira e Camila
Macedo
Ajudar o próximo está entre os motivos para a prática das
caronas em Ubá e região. O grupo do Facebook “CARONA: Ubá <>
Mundo” possui mais de onze mil integrantes que oferecem e pedem carona
diariamente, seja a trabalho ou lazer. Eles publicam o destino a ser percorrido
e o horário. Alguns solicitam ajuda de custo, outros preferem ser solidários, e
não cobrar.
Esta carona sem custos é semelhante à praticada inicialmente
nos EUA, Canadá e países da União Europeia. Conhecida como Carona Solidária, ela é caracterizada pelo uso compartilhado
em alternância de um automóvel particular por duas ou mais pessoas.
Segundo o site Wikipédia, esta modalidade de carona se popularizou nestes
locais na década de 1970, como uma forma de “diminuir o congestionamento
durante o rush para o trabalho ou para a escola”.
“As pessoas perguntam quanto é, mas eu não cobro. Prefiro ser
prestativo e ajudar as pessoas”, afirma Rafael Bento, que oferece caronas no grupo
“CARONA: Ubá <> Mundo” do Facebook
há mais de um ano. “Carona é carona, né? Eu já peguei muita carona também.
Quando eles cobram fica igual taxi clandestino”, completa Pedro Marques, que
participa do mesmo grupo.
Apesar
de ser econômica para ambas as partes, a carona remunerada é ilegal. O diretor de Fiscalização do Departamento de Estradas de
Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), João Afonso Baeta Costa, informou em
entrevista ao jornal O Estado de Minas que: “é proibida a cobrança de qualquer
preço para fazer transporte de pessoas, se não for licenciado. Ainda que o
objetivo seja apenas cobrir os custos do carro”.
Riscos de dar carona
Independente
da carona ser solidária ou não, os riscos existem. Rodrigo Moreira Oliveira ressalta que apesar da boa intenção das pessoas
a prática traz uma série de responsabilidades. “O motorista é responsável por
todos os ocupantes do carro. Se bater, ferir ou matar, assume total
responsabilidade em cima de quem nem se conhece direito. Pode pagar pensão por
invalidez de um ocupante ferido em caso de acidente, responder criminalmente
por morte, entre outros. Será que vale a pena?”
Mesmo assim alguns se arriscam e divulgam as caronas, com
dia, hora e valor especificados no grupo. “É uma forma de ajudar quem está sem
grana, já que a passagem de ônibus é mais cara”, afirma Marcos Paulo (nome
fictício), um dos integrantes do grupo.
As pessoas não estão imunes a fatalidades, mas procuram se
preservar. Para evitar surpresas, costumam viajar com pessoas conhecidas. Outro
método é visitar o perfil de quem procura e oferece a carona. “Antes eu olho as
fotos da pessoa e sempre marco de pegá-la em algum lugar que tenha movimento.
No mais é confiar em Deus”, afirma Pedro.
Rafael também tem preocupações semelhantes, mas não deixa de
divulgar as caronas. “Existem pessoas mal intencionadas, e a gente tem que ter
um pouco de maldade. Mas se a gente for pensar só nisso não ajuda ninguém”. Ele
não sabia que as caronas com ajuda de custo são consideradas clandestinas, e
acredita que poderiam ser regulamentadas. “Se quem vai pegar a carona quiser
pagar, eu acho válido. Vai da necessidade da pessoa que dá a carona”.