quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Chico Mendes - crime e castigo

*Camila Macedo

Chico Mendes, crime e castigo, um livro reportagem escrito pelo jornalista e escritor Zuenir Ventura. Após o assassinato de Chico Mendes, um líder seringueiro que lutava contra a devastação da Amazônia, o jornalista acompanhou o processo de apuração e não esmoreceu até que a justiça fosse feita.

Apesar de Zuenir não ter conhecido Chico em vida, fez uma busca meticulosa ao passado dele. Isso possibilitou que os atos, e até mesmo a personalidade do seringueiro, fossem reproduzidos. O jornalista “mergulhou de cabeça” na apuração. Não permitiu que conflitos envolvendo floresta Amazônica, insuficiência na apuração, falta de vontade de governantes, impunidade e incômodos como clima e fauna abalassem sua “sede de justiça”. 

O autor teve sensibilidade, curiosidade e, principalmente, vontade de que aquele assassinato tivesse um desfecho diferente dos históricos daquela região. Na cobertura do crime, presenciou a batalha de um povo, que como ele disse, “luta sem armas, ou melhor, com as armas que tem”. Realizou um papel social, de propriedade coletiva e não de interesses particulares, contribuindo para que o fato ficasse conhecido mundialmente.

O trabalho realizado por Zuenir foi um exemplo de determinação, persistência, audácia e respeito ao próximo. Ao próximo que merece respeito. A cada entrevista ele deixava explícito o perfil dos personagens. Em momento algum o jornalista escondeu o desprezo pelos criminosos que estavam soltos e pelos políticos em busca de prestígio.

No livro as surpresas e dificuldades vividas pelo autor ficam evidentes e fazem jus à fala dele, “Não existe repórter pronto. Ele é um processo, uma construção, uma obra imperfeita, inacabada”. Então para ser um bom jornalista é preciso compreender e aceitar esse processo, amadurecer gradativamente, afinal ele é intenso e perdura por toda a vida.

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