segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Por que em Ubá sobram vagas nas indústrias de móveis?

*Wagner Arantes

      

No ultimo dia 31/07 participei de um encontro realizado pelo INTERSIND (Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Marcenaria de Ubá), que contou que presença de vários profissionais da área de recursos humanos, onde foi tratada justamente esta questão: como explicar o fato das vagas disponíveis em Ubá e região não serem preenchidas? Ubá fica no interior de Minas Gerais, localizada perto das grandes capitais da região sudeste, sendo considerado o maior polo moveleiro de Minas Gerais e o quarto do país.

Aqui você só fica desempregado se esperar em casa o emprego cair do céu. Se sair para procurar ou pensar em trabalho na área moveleira consegue no mesmo dia. Então, como explicar as vagas ociosas nas indústrias da região? Agências de empregos, profissionais da área de recursos humanos anunciam as referidas vagas, pelos vários meios de comunicação e nada.

Uma alternativa tem sido buscar mão de obra barata e não qualificada nas cidades da região, onde a economia gira em torno dos trabalhadores rurais. Empresas disponibilizam ônibus, oferecem benefícios, para quem queira e esteja disponível para o trabalho. Com a chegada destes trabalhadores, começaram a aparecer problemas sociais, inflacionando o mercado imobiliário, consumo de drogas, roubos, já que grande parte não tem estrutura ou apoio aqui em Ubá. Eles vêm com apenas roupa do corpo e passam a morar nas periferias, nos morros em torno das fábricas.

Devido à grande demanda abriu-se espaço, para as mulheres, que cada vez mais passam a fazer parte do mercado de trabalho, antes dominado somente pelos homens, na década de 80. As mulheres de fato não têm força bruta necessária para realizar certas tarefas, mas possuem habilidades que faltam aos homens, são mais detalhistas, caprichosas no item acabamento, aumentando assim, qualidade e valorizando ainda mais os produtos, já que as indústrias de móveis de Ubá e região investem alto em máquinas modernas. O mercado precisava deste profissional e mulheres chegam na hora certa.

Mesmo após várias atitudes e iniciativas, ainda sobram muitas vagas nas indústrias de Ubá. O que fazer? Culpa de quem? Qual a solução? Melhores salários? Mais investimentos na área social? Falta mão de obra especializada?

Esta questão está longe de um final feliz, por vários outros aspectos já citados acima. Em recente pesquisa realizada por profissionais do Intersind, revela que mais de 70% da mão de obra não concluiu o primeiro grau, os jovens são maioria. O resultado aponta outro detalhe que é qualificação de ambas as partes. Começa pelo candidato ao primeiro emprego, o futuro candidato à vaga, o profissional que está inserido e experiente no chão de fábrica, como também do empresário em geral. Fato este que complica e agrava ainda mais esta questão.

Os empresários de Ubá e região vêm investindo nas questões como meio ambiente e nas questões sociais, em treinamento mão de obra mais qualificada e especializada.

Um fato que chama a atenção é que grande parte dos empresários veio do chão de fábrica. Nesta época onde todos se conheciam, não havia distância entre empregados patrões, trabalhavam lado a lado, era relação de família, amizade, respeito, bebiam juntos nos bares próximos às fabricas. No final de um dia cansativo, sentiam-se bem em trabalhar naquele ambiente, em vestir a camisa da empresa.

Mas a realidade mostra que o perfil dos novos colaboradores vem mudando bastante, quem pagar leva. Nas entrevistas de emprego, logo querem saber detalhes salariais, se trabalha ao sábado, banco de horas, sabem da facilidade de arrumar outro, relatam episódios vividos por amigos, familiares, a respeito desta questão. Encontrar uma solução será uma bela dor de cabeça para os profissionais da área de recursos humanos, que vêm debatendo exaustivamente uma forma de solucionar. Contrata-se mal? Falta profissional? Falta mão de obra qualificada? Salários baixos? Falta especialista?

Prometo tentar escrever outro texto com um final feliz.


Um comentário:

  1. É meu amigo Wagner, a situação é bem pior do que parece e de difícil resposta. Será que nossos amigos se acomodaram e simplismente resolveram não mais trabalhar?
    As pessoas precisam do emprego, mas também necessitam de melhores condições de trabalho.

    Ótimo texto Wagner! Parabéns!

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